Antes das Rodas, Vieram as Asas: O Impacto do Primeiro Avião em Capelinha (1937)

 

Fonte: Nos Tempos das Gabirobas

O dia amanheceu como qualquer outro em Capelinha, mas o destino reservava um espetáculo inesperado para seus moradores. Em 1937, sem sequer ter visto um carro circulando por suas ruas de terra, a cidade testemunharia um evento histórico: a chegada do primeiro avião.

Naquela manhã, os rumores já corriam entre os habitantes. Diziam que uma máquina voadora cortaria os céus e pousaria ali, no pequeno aeroporto recém-construído, cercado por mato e incerteza. Os mais corajosos esperavam ansiosos, enquanto os mais céticos acreditavam que aquilo era conversa de tropeiro. Afinal, como poderia uma máquina voar como os pássaros?

Pouco antes do meio-dia, o ronco do motor ecoou entre as montanhas. De repente, um ponto metálico surgiu no horizonte, deslizando pelo céu como um relâmpago. As crianças correram para ver. Os adultos saíram das casas. Alguns rezavam, outros gritavam, enquanto o avião da Aeronáutica fazia sua descida triunfal. O barulho ensurdecedor misturava-se ao murmúrio do espanto coletivo.

1ª foto aérea; fonte: Nos Tempos das Gabirobas
O pouso foi um sucesso. A terra tremeu sob as rodas da aeronave e, naquele instante, Capelinha não era apenas uma cidade do interior—era um lugar que tinha cruzado os céus antes mesmo de ver um


caminhão rodando em suas estradas.

Mas a surpresa não parou por aí. Naquela mesma tarde, a primeira fotografia aérea da cidade foi registrada, eternizando aquele dia de espanto e euforia. Quando os moradores viram a imagem, muitos mal acreditavam: pela primeira vez, Capelinha havia sido observada de cima, de um ângulo que nunca imaginaram existir.

Dois anos depois, em 1939, o espetáculo se repetiu, mas desta vez com as rodas no chão. A chegada do primeiro veículo à cidade foi um verdadeiro evento. Um caminhão Ford, propriedade de Amável Admirável Tameirão e conduzido por Francisco de Assis Barroso, ambos de Diamantina, entrou triunfalmente em Capelinha. A população, que já havia se maravilhado com a máquina voadora, agora celebrava a primeira estrada que ligava Capelinha a Diamantina, passando por Carbonita.

Foi uma festa digna de grandes comemorações: banda de música tocando nas ruas, foguetório iluminando o céu e um desfile vibrante acompanhando o novo símbolo de progresso. Por onde o caminhão passava, as pessoas subiam na carroceria, pulavam e cantavam, celebrando mais um marco inesquecível na história da cidade. 














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